O simples ato de andar já é poderoso o suficiente para servir de alimento ao cérebro e, de tabela, contribuir para a nossa saúde. A dança? “Seus movimentos são mais refinados, o que determina a qualidade de alimentação que proporciona ao nosso corpo”, garante o coreógrafo Ivaldo Bertazzo, há mais de 35 anos trabalhando com dança. A conclusão é uma só: quanto mais cedo uma criança aprende a dançar, mais possibilidades ela têm de tornar seu corpo “inteligente”.
Dançar também ajuda a desenvolver emocionalmente quem tem pouca idade, combatendo inseguranças e estimulando a partilhar experiências com o grupo a que pertence. Crianças podem se exercitar em Dança desde os primeiros anos da Educação Infantil – e assim aprimorar habilidades motoras fundamentais para a evolução. Com a ajuda dos especialistas Carmen Orofino e Ivaldo Bertazzo, destacamos os principais benefícios da atividade. Conheça a seguir:
1. Desenvolve habilidades típicas do ser humano
A Dança tem a capacidade de estimular a chamada "psicomotricidade fina" - ela diz respeito às habilidades peculiares da raça humana, caso de escrever, sonorizar uma palavra, descascar e cortar legumes etc. A Dança serve de instrumento para "afinar" os mais variados movimentos que o indivíduo faz em seu dia-a-dia, algo de enorme valia por toda a vida - se aprender a dançar durante a infância, perfeito!
2. Alimenta o funcionamento da máquina cerebral
Qualquer tipo de movimento serve para conduzir informações ao sistema nervoso central. Caminhar é uma forma de alimento para o cérebro, andar de bicicleta é outra, assim como dançar. Acontece que a Dança consegue alimentar esse sistema nervoso de um modo ainda mais refinado com a série de movimentos a ela atrelados. Assim, quanto mais cedo uma criança aprende a dançar, mais "inteligente" seu corpo se torna em razão da qualidade desse estímulo - outro tipo de riqueza que se faz notar ao longo de sua trajetória.
3. Ajuda a manter a saúde do corpo
A postura é uma estrutura de base, espécie de musculatura que mantém o indivíduo em posição vertical. Ela exige atenção diária: cuidar da postura é cuidar da manutenção do corpo, ou ainda, da sua saúde. Sem postura não é possível se organizar no espaço - dançar, em suma. Assim, quem dança aprende a movimentar o corpo de acordo com técnicas que precisam ser executadas com a postura adequada - posicionamento que se torna automático, um hábito, em quem toma gosto de dançar desde pequeno.
4. Estimula a coordenação motora e outras aptidões
Dançar regula o tônus da força muscular por um ritmo musical, assim como desperta percepções diferentes do corpo, como a organização do olhar a cada movimento ou as diversas sensações dos pés pressionados no chão em razão deste ou daquele passo. Também estimula a coordenação motora - fundamental para a evolução da criança ao libertá-la de uma série de inseguranças físicas e emocionais. Como? Ao explorar novas maneiras de se mover e se expressar, as aulas de Dança possibilitam à criança enriquecer o repertório pessoal de movimentos, incorporando noções de ritmo, equilíbrio e fluência - aptidões que podem servir de base para a construção de movimentos mais elaborados, aprimorando o crescimento individual vida afora.
5. Colabora na formação do indivíduo
Todo tipo de experiência é fonte de conhecimento para uma criança. Isso significa que tudo o que ela recebe como informação vai de algum modo influenciar o seu desenvolvimento. No caso da Dança, ela contém informações corporais, sociais e emocionais que podem contribuir para o crescimento infantil. Aspectos como a sutileza, a organização, o estímulo à atenção e o poder de observação presentes no ensino da dança influenciam positivamente o desempenho da criança inclusive em outras atividades escolares, facilitando a compreensão de conteúdos mais complexos.
6. Serve de ferramenta para se expressar
A criança usa o corpo para conhecer o mundo desde tenra idade. São os sentidos que lhe transmitem a percepção do que está ao redor e é com eles que ela começa a elaborar os primeiros conceitos. Em uma segunda etapa do seu desenvolvimento, essa criança já é capaz de realizar atividades corporais, caso de correr, esticar, rolar, dobrar e saltar. O corpo mostra aptidão natural para executar esses movimentos, só precisa de oportunidade para praticar. Bem orientada, a criança recebe estímulos para pesquisar as possibilidades de movimento físico, construindo modos de se relacionar com o outro e com o ambiente que a cerca. Com a Dança, ela ganha consciência de poder se expressar, usando o próprio corpo.
7. Valoriza a linguagem pessoal
Durante a aula de Dança, a criança vai recolher pedaços de informação e com eles montar um conjunto que faça sentido para ela. Isso significa que ela vai testar movimentos e pouco a pouco descobrir a diversidade enorme de possibilidades própria do uso do corpo. Será essa consciência corporal que vai lhe permitir se expressar de modo inédito - cabe ao professor, nesse momento de grande significado, estimular a construção individual, respeitando o tempo de cada criança.
8. Estimula o conhecimento estético
A partir das experiências corporais ativadas pela Dança, a criança tem oportunidade de se relacionar com o belo, o harmonioso - e também com o feio, o caótico. Aos poucos, ela vai exteriorizar seu entendimento sobre o que é bonito e o que não é. A Dança pode, assim, ser entendida como uma forma de conhecimento poético - e a metodologia de trabalho com a criança deve priorizar a capacidade de improvisar. Porque será testando o próprio corpo, entendendo seus limites e seu funcionamento, que ela se sentirá livre para se envolver no processo de criação, revelando uma estética 100% pessoal.
9. Incentiva o controle emocional
Aulas de Dança estimulam a criança a ter no corpo um parceiro - instrumento que lhe ajuda a transmitir ideias e emoções as mais íntimas. Ela aprende a fazer dos movimentos do corpo uma fonte de diversão e de prazer, sendo incentivada a dividir o que sente com o grupo e a conviver com as suas diferenças. Trata-se de um aprendizado emocional de grande alcance, capaz inclusive de combater a timidez e a insegurança.
Por Marion Frank
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